Por: Daniel Angêlo Passaia - Advogado

Lembra aquela velha história mal contada nos colegiais, que o capitalismo se vive por uma “mão invisível”? Pois é. Ela não existe. O que existem são fatos, e estes são mais teimosos porque são a realidade (e nenhuma ideologia ou interpretação os fará mudar). Mas porque levanto este tema? Porque para desenvolver nossa região temos que saber reconhecer a realidade dos fatos e a partir destes, explorar as potencialidades e superar os obstáculos para criação de negócios e políticas. Porque o piscicultor na região do Vale do Taquari não passa a criar camarão? Pois nossas características regionais são obstáculos (não potencial). Com o diagnóstico destas realidades é que devemos pensar nosso desenvolvimento, com base na geopolítica, para entender que a economia não é um simples cálculo matemático, mas uma assunção de custos, riscos e benefícios, que somente serão concretizados com a leitura dos fatos relacionados ao nosso contexto, que é o ponto chave, conjuntamente com as ações das pessoas. Ao falar de tudo isto não podemos deixar de lado a esfera política e as tomadas de decisão dos governos municipais, pois são fatores relevantes que podem afetar a economia, tanto para melhorar, quanto piorar. Por exemplo, como baratear a iluminação pública por meio de uma parceria público-privada a partir do nosso potencial de geração com resíduos animal e vegetal do setor primário? Como realizar melhorias no Rio Taquari, com vistas a diminuir o impacto das enchentes, através de parcerias com o setor privado que exploraria o potencial hídrico/navegável para oferecer em contrapartida as soluções que há 25 anos são debatidas nas Câmaras de Vereadores e Prefeituras? Estas questões ratificam a inexistência da tese colegial da ‘mão invisível’ do capitalismo, pois se ela existisse, estes problemas estariam resolvidos, todavia nada acontece por acaso, sempre existem decisões que fazem a economia girar para dissolver problemas e necessidades humanas, alicerçadas nos potenciais e obstáculos da realidade geopolítica. O que é necessário para solução de problemas como os acima não é esperar a ‘mão invisível’ trabalhar, mas sim analisar a geopolítica e contexto da realidade regional, pois são nelas que residem as potencialidades e os obstáculos e, a partir destes fatores prognosticar soluções e calcular consequências. Nada fácil, mas aguardar a mão invisível é pior.