Coluna Especial

O que mudou no cenário da prevenção de incêndio no Brasil, após a Boate Kiss?

Coluna Especial - 30/07/2024 09:59
Coluna Especial - 30/07/2024 09:5930/07/2024 09:59

Por: Rafaela Zanchet Donida - 
Engenheira Civil, de Segurança do Trabalho e Especialista em Prevenção de Incêndios

 

Este ano completou 12 anos do trágico incêndio na Boate Kiss, que vitimou 242 jovens que estavam dentro de uma casa noturna. O local apresentava diversas irregularidades e, a utilização de artefato pirotécnico dentro do local, junto com a superlotação e a falta de saídas de emergência livres, corroboraram para que esse incêndio deixasse tantas vítimas.
De lá pra cá, muita coisa mudou, a nível estadual e a nível nacional. O Rio Grande do Sul, que não possuía uma legislação estadual e seguia apenas a lei nacional, que é bastante rasa, 11 meses depois publicou sua primeira legislação contra incêndio, muito mais rígida. Nela ficou consolidada a responsabilidade dos diferentes entes frente à prevenção de incêndio de uma edificação: proprietário, responsável técnico e bombeiros.
Houve uma grande busca pelas edificações para buscarem se regularizar, houve o aumento das fiscalizações por parte dos bombeiros e os projetos passaram a ter mais qualidade, abordando os sistemas de combate a incêndio, além de se pensar nas características arquitetônicas da edificação para permitir a saída segura dos ocupantes. Porém, ainda temos muito a caminhar. É necessário mudar a cultura da população, pois falar de prevenção de incêndio ainda enfrenta uma barreira muito forte.
Essa mudança de cultura precisa iniciar nas escolas, ainda com as crianças. Depois precisa permear as empresas, as edificações no geral. É sabido que a falta de importância dada aos sistemas de proteção contra incêndio se deve ao fato de que são vistos como gastos desnecessários, afinal se a edificação não pegar fogo, eles não serviram para nada, certo? Errado! 
Os sistemas de prevenção e combate a incêndio têm uma presença incômoda na edificação para a maioria das pessoas. Porém, se eles não estiverem ali e acontecer algo, a sua ausência será sentida, certo? Essa é a reflexão que eu quero deixar aqui.

 

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