Saúde

Joel Bottoni "Quando acordava das cirurgias era como se Deus me desse uma nova chance"

Saúde - 21/11/2022 11:03
Joel Bottoni tem um cantinho de sua casa onde guarda as mensagens de incentivo
Saúde - 21/11/2022 11:0321/11/2022 11:03

 

Seis cirurgias, muitas lesões e inúmeros tumores retirados, essa é a história de três anos da vida de Joel Bottoni que se tornou um exemplo de superação e luta contra o câncer. Atualmente Bottoni tem 31 anos e é vereador em Encantado. “Sempre fui uma pessoa ativa na comunidade onde moro, Palmas, participei do Grupo de Jovens, com 22 anos presidi o Clube Esportivo União por duas gestões. Nesse momento as coisas foram acontecendo de forma natural e inesperada porque resolvemos entrar no regional de veteranos e logo no primeiro ano ficamos campeões representado Encantado, essas ações devolveram a autoestima das pessoas da localidade. Mas nunca pensei em entrar na política, até que em junho de 2016, o então vereador Adroaldo Conzatti, que era sócio do clube e tem uma ligação muito grande com Palmas me procurou e me convidou para concorrer a vereador. Num primeiro momento não aceitei, mas depois coloquei meu nome à disposição e fiquei primeiro suplente recebendo 342 votos, mas assumi a cadeira no Legislativo porque o Luciano Moresco foi ser secretária municipal. Seis meses depois fui convidado a ser secretário da agricultura, assumi em junho de 2017 e em março de 2019 me afastei para investigar o que estava causando dores nas minhas costas e em 9 maio descobri que era câncer”. 

Joel lembra que estava vivendo um dos melhores momentos da sua vida quando descobriu que tinha câncer. “Tinha amadurecido na política e na vida pessoal, vinha desenvolvendo um bom trabalho na secretaria e acabei sendo bem visto pela comunidade encantadense. Primeiros sintomas tive na apresentação do projeto dos condomínios ASA, quando senti dor entre a nádega e as costas. A dor começou leve, foi aumentando e não passava. Até que num certo dia, fui trabalhar e o prefeito Adroaldo Conzatti e a secretária da saúde Clarissa da Rosa Pretto me colocaram no carro e levaram no hospital para ver o que eu tinha, mas não voltei mais para trabalhar, esse foi um dos maiores baques que tive. Fiquei internado por cinco dias tomando medicação para a dor e esperando o resultado dos exames que foram para a biopsia para saber que tipo de tumor eu tinha”.

O resultado da biopsia era câncer de testículo com metástase no reto perímetro e nos pulmões. “Acordei pela manhã e era aniversário da minha irmã liguei para parabenizar ela, mas os médicos entraram no quarto, doutores Diego Baldissera e Samir Moesch foram quem me deram a notícia. Naquele momento senti muito medo, tristeza e tinha um sentimento de incerteza. Minha mãe, Rosmeri Nicolodi estava junto no quarto, mas ela não chorou, aliás desde o início do tratamento até hoje, nunca vi ela chorando, não na minha frente, ela me deu muita força e fez com que eu conseguisse superar tudo que enfrentei. Meu pai Ezequiel Bottoni é mais emotivo, ele sempre participa, é prestativo tenho muito orgulho deles. Minhas irmãs Josiele e Fernanda também sempre me apoiaram. Graças a Deus tenho uma família abençoada”.

A partir daí, Joel enfrentou diversas cirurgias e tratamentos. “Minha primeira cirurgia foi a retirada do testículo direito. Mas o câncer, não conseguiram retirar. Logo em seguida fui encaminhado para Lajeado para fazer o tratamento de quimioterapia que iniciou no dia 3 de junho de 2019 e a última sessão foi em 27 de setembro, sendo que ficou boa parte deste tempo internado no hospital. Acreditava naquele momento que havia vencido o câncer”.

Joel voltou para casa se recuperou e retornou ao trabalho na prefeitura em fevereiro de 2020. Mas num exame de rotina, novamente o câncer se manifestou e teve que se afastar em maio para um novo tratamento quimioterápico. “Fiquei por quatro meses realizando tratamento no Hospital da PUC em Porto Alegre, a primeira sessão foi no dia 25 de maio e a última no dia 10 de agosto de 2020”. Joel retornou e depois de 22 dias em casa decidiu colocar novamente seu nome à disposição para vereador. “Estava sem cabelo, debilitado, mas queria participar e tentar retribuir, como forma de gratidão por tudo que o prefeito Adroado Conzatti fez por mim e pela minha família durante o tratamento. Participei da campanha por dois meses, sabendo que dois dias depois do resultado do pleito eleitoral, no dia 17 de novembro teria que passar por mais um procedimento cirúrgico em Porto Alegre. Novamente fiz um linfadenectomia retroperitoneal, que é a retirada de todos os órgãos do lado esquerdo do abdômen para poder fazer a raspagem no local onde estava o câncer. A cirurgia durou seis horas, tive hemorragia e anemia, fiquei três dias na UTI e levei quase três meses para me recuperar. E no dia 1º de janeiro mesmo muito debilitado fui para a posse do prefeito Adroaldo Conzatti e minha como vereador”.

O monitoramento da doença seguiu, e quando os médicos fizeram exames nos pulmões descobriram três nódulos no pulmão direito menores de um centímetro e dois nódulos no pulmão esquerdo. “No dia 13 de julho de 2021 fiz cirurgia de levou duas horas e meia, onde foi feito uma incisão entre a costela para cortar o pulmão direito e retirar os nódulos, fiquei um dia na UTI e três dias no quarto no Hospital da PUC. E em 23 de setembro o mesmo procedimento foi realizado para retirar os nódulos do pulmão esquerdo”.

Em 2022 Joel teve que fazer novamente quimioterapias e mais uma vez venceu a doença.

Joel ressalta que após ter passado por mais de três anos em tratamento percebe a importância de um diagnóstico no estágio inicial da doença. “Tive um câncer de testículo muito raro, por isso fui submetido a várias cirurgias e dois tratamentos quimioterápicos. Hoje percebo a importância de ter os exames de prevenção em dia e poder detectar problemas nos estágios iniciais aumentando assim as chances de cura. O acompanhamento oncológico deveria ocorrer em todos os segmentos”.

Nessa caminhada também teve espaço para momentos que se tornaram gratificantes e marcaram de forma muito positiva sua vida. “Todas as vezes que acordei das cirurgias foram os dias mais felizes da minha vida, era como se Deus me desse uma nova chance”. Para passar por tudo isso, Joel diz que duas coisas são muito importantes, “ter equilíbrio emocional e coragem para poder conduzir tratamento oncológico de cabeça erguida. É como se fosse um jogo que você quer muito vencer o adversário. Com certeza a fé, a medicina, a autoestima e as tuas atitudes vão fazer a diferença durante o tratamento. Nesse processo entendi sobre o que realmente é a vida, percebi que não tem que se ter vergonha de dizer que está com câncer. Porque de forma sutil a muito preconceito, as pessoas olham para quem está com a doença de forma diferente e isso machuca os sentimentos do doente e de toda sua família. Minha mãe, passou por esta situação enquanto estava no Hospital em Porto Alegre, ela falou que ia comprar frutas e algumas horas depois voltou com a cabeça raspada. Nunca vou esquecer disso. A minha namorada Rosane Massoco, antes de uma das cirurgias veio me pedir em namoro e hoje estamos juntos e felizes junto com meu enteado Murilo. Além disso, tive muito apoio, inúmeras ligações e mensagens que passavam energia positiva, pessoas que rezaram por mim, acredito que por tudo isso sempre consegui vencer o câncer”.

 

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